Em Portugal, muitos jovens estão a ser aliciados a digitalizarem a sua íris a troco de criptomoedas. Esta prática, que visa a criação de passaportes digitais, é um dos pilares do projeto da Worldcoin, empresa liderada por Sam Altman, fundador do ChatGPT. Inúmeras questões éticas e de segurança têm sido levantadas, mas, em Portugal, ao contrário de outros países, não são conhecidas investigações ou medidas que regulem ou inibam estas atividades, nomeadamente juntos de menores.
Diversos jovens estão a vender os seu dados biométricos, nomeadamente através da digitalização da íris ocular, em troca de criptomoedas, no âmbito de uma iniciativa promovida pela Worldcoin, empresa liderada por Sam Altman, fundador do ChatGPT.
Em diferentes centros comerciais em Portugal, e também em Espanha, representantes da Worldcoin têm abordado jovens, propondo-lhes “alienar” esses dados em troca de aproximadamente 10 ‘worldcoins’, a moeda virtual desenvolvida pela empresa, o que corresponde a cerca de 60 euros à taxa de câmbio atual.
Em Portugal já existem 17 stands da Worldcoin, com as respetivas esferas que digitalizam a íris humana.
O que é a Worldcoin?
Mais do que uma nova criptomoeda, a Worlcoin quer tornar-se na maior rede financeira do mundo. Para tal, pretende disseminar a utilização da sua aplicação para dispositivos móveis, criando contas após a leitura da íris do utilizador. A World App, passa a servir como um “passaporte digital” e a nossa identidade, a World ID, pode ser reconhecida em todo o mundo.
Questões éticas e de segurança
Apesar do atrativo financeiro imediato, esta prática levanta sérias inquietações no que concerne à privacidade e à segurança dos dados.
Apesar da empresa garantir que: (1) as imagens são eliminadas se a pessoa o desejar, (2) que não vende quaisquer dos dados pessoais e (3) que os dados são encriptados de forma segura, não há nenhuma auditoria independente ou entidade externa que o comprove.
Por isso, tal como afirma a Deco “não há forma de saber se de facto a informação está a ser apagada, se os dados pessoais que podem ser extraídos da íris são ou não vendidos, nem qual é a verdadeira intenção da recolha destes dados biométricos”.
Particularmente inquietante é a forma como abordam o público-alvo, que muitas vezes, é menor de idade. Após o aliciamento com a oferta de criptomoedas, fazem rapidamente a leitura da íris, não existindo tempo para o jovem ponderar adequadamente a sua decisão.
Nesse sentido, a Agência Espanhola de Proteção de Dados (AEPD), está a investigar quatro queixas, realçando a sensibilidade dos dados biométricos e os riscos associados à sua transferência e armazenamento.
Apesar de em nações como França e Reino Unido, os reguladores já implementarem medidas para obstruir iniciativas análogas, a Worldcoin alega ter instalado mais de 2 mil dispositivos denominados Orbs (esferas) em 36 países.
Referências:
É seguro trocar uma imagem da nossa Iris por moedas da Worldcoin? | TechBit
Así funciona Worldcoin: escanea tu iris a cambio de criptomonedas (rtve.es)
Worldcoin: O Futuro da Identidade Digital? – Forbes Portugal (forbespt.com)
Worldcoin troca dados biométricos por criptomoedas (proteste.pt)
Ver também:
A Identidade Digital: uma agenda de progresso ou de controlo totalitário – The Blind Spot