O editor da rádio pública norte-americana (NPR) denunciou que ela está tomada por uma linha politico ideológica radical e ativista, que não permite o contraditório. Dá exemplos de como a NPR ludibriou o público com clara intenção de favorecer o candidato presidencial (e atual presidente) Joe Biden e de como seguiu cegamente Fauci, e outros responsáveis públicos, durante a crise covid. Impulsionada por financiamento externo, a NPR terá ainda adotado um conjunto de posições dogmáticas sobre assuntos como: o racismo sistémico, a transfobia ou o apocalipse climático.
Num artigo escrito para o The Free Press, o editor da rádio pública norte-america NPR, Uri Berliner, denuncia que a organização tem uma postura ativista. Apesar dele próprio se identificar com a visão progressista do mundo, reconhece que a rádio se tornou completamente enviesada contra pontos de vista conservadores.
Apesar de admitir que a NPR sempre teve uma ligeira inclinação progressista, afirma que esta se tornou nos últimos tempos numa autêntica caixa de ressonância dessa ideologia e que isso levou a uma radicalização. E apresenta os dados da sua audiência para o demonstrar.
Em 2011, vinte e seis por cento dos ouvintes descreviam-se a si próprios como conservadores, 23% no centro e 37% como liberais, enquanto em 2023, apenas 11% dos ouvintes eram conservadores, 21% no centro e 67% como liberais.
Três exemplos de “mau jornalismo”
Berliner dá três exemplos do ativismo que impera na empresa:
– A adoção e promoção da narrativa da conspiração de Trump com a Rússia antes das eleições presidenciais. Depois, quando não se encontraram provas credíveis de conluio, o caso foi esquecido sem qualquer reconhecimento do erro ou pedido de desculpa.
– A descredibilização da história do New York Post sobre o portátil de Hunter Biden, contendo e-mails sobre os seus “negócios sórdidos”. O chefe de redação da estação chegou mesmo a classificá-la como “pura distração”, quando era, na realidade, um caso verdadeiro que revelava as ligações de Hunter Biden “ao mundo corrupto do tráfico multimilionário de influências e as possíveis implicações para o seu pai” (Joe Biden, atual presidente que, na altura, era candidato). Também aqui não se confessou o “o erro de avaliação” e não se fez “a difícil escolha da transparência”.
– Durante a crise covid, a adoção fervorosa da teoria da origem natural do vírus, seguindo cegamente a posição de Anthony Fauci e do establishment da saúde pública. Isto, mesmo quando inúmeros especialistas e até o Departamento de Energia, a agência federal com mais conhecimento na área, apontar como mais provável a fuga do laboratório de Wuhan. Chegaram mesmo a declarar que a fuga do laboratório tinha sido “desmentida pelos cientistas”.
Radicalismo ideológico imposto a partir do topo
Para Berliner, a entrada do anterior CEO, John Lansing, foi o que acionou a deriva mais radical, especialmente após o caso de George Floyd.
Em vez de procurarem investigar e seguir evidências, o topo da NPR apontou para um caminho de ativismo e não de jornalismo rigoroso.
“A infestação da América com o racismo sistémico foi declarada alto e bom som: era um dado adquirido. A nossa missão era mudá-lo.”
Todo o funcionamento da empresa terá ficado sujeita a uma narrativa ideológica e sujeita a uma contante luta contra “privilégios brancos” e vieses inconscientes.
“Foram-nos dadas sessões de formação sobre preconceitos inconscientes. Uma equipa do DEI (diversidade, equidade e igualdade) em crescimento oferecia reuniões regulares que nos imploravam para “começar a falar sobre raça”.”
“Foram organizados diálogos mensais para “mulheres de cor” e “homens de cor”. As pessoas não binárias de cor também foram incluídas.”
O jornalista explica que, impulsionadas pelo financiamento externo da fundação NPR, foram adotadas um conjunto enorme de iniciativas como o MGIPOC (programa de orientação para Géneros Marginalizados e Pessoas Intersexuais de Cor); Mi Gente (funcionários latinos da NPR); NPR Noir (funcionários negros da NPR); Asiáticos do Sudoeste e Norte Africanos na NPR; Ummah (para funcionários que se identificam como muçulmanos); Mulheres, Pessoas Transgénero e Transgénero na Tecnologia através dos Media Públicos; Khevre (herança e cultura judaica na NPR); e NPR Pride (funcionários LGBTQIA na NPR).
Ausência de pontos de vista diferentes
Mas Berliner considera que o caminho seguido conduziu a uma ausência de contraditório.
“Há um consenso tácito sobre as histórias que devemos seguir e como devem ser enquadradas. Não há fricção – uma história atrás da outra sobre casos de suposto racismo, transfobia, sinais do apocalipse climático, Israel a fazer algo de mau e a terrível ameaça das políticas republicanas. É quase como uma linha de montagem.”
Dá alguns exemplos reveladores como:
– Ser pedido que evitem o termo “sexo biológico”;
– Os Beatles e os nomes de pássaros serem considerados “racialmente problemáticos”;
– A justificação de roubos com alegações de que os receios sobre o crime são racistas;
– A sugestão que os asiático-americanos que se opõem à “ação afirmativa” (medidas de descriminação positiva para certos grupos) foram manipulados por conservadores brancos.
Preocupado com a falta de diversidade de pontos de vista, o jornalista analisou o recenseamento eleitoral da redação do NPR na sua sede, encontrou 87 democratas registados a trabalhar em cargos editoriais e nenhum republicano.
No entanto, quando apresentou estes dados, que supostamente contrariam a orientação obsessiva para a diversidade, não encontrou qualquer interesse nesse fenómeno específico.
Refere mesmo que uma executiva de topo da NPR lhe disse ter sido criticada por ter falado em diversidade de pensamentoquando chegou à NPR e que, por isso, queria ter “cuidado com a forma como discutimos isto publicamente”.
Suspensão e demissão
Esta entrevista conduziu à sua suspensão por cinco dias sem vencimento.
Como resposta, Berliner pediu a sua demissão e justificou:
“(…) não posso trabalhar numa redação onde sou menosprezado por um novo diretor executivo cujas opiniões polémicas confirmam os mesmos problemas da NPR que cito no meu ensaio da Free Press.”
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