No passado dia 3 de Maio, a Flórida tornou-se no primeiro estado norte-americano a proibir a produção e a venda de carne produzida em laboratório, numa decisão que o governador republicano Ron DeSantis diz servir para proteger os criadores de gado e enfrentar os planos da “elite global“. Há quem considere a decisão prematura, uma vez que a carne sintética ainda não está amplamente disponível no país, mas já há outros estados, como o Alabama, o Tennessee e o Arizona, que poderão seguir o mesmo caminho.
Numa decisão pioneira nos Estados Unidos, o governador da Flórida e ex-candidato à liderança do partido republicano, Ron DeSantis, decretou a proibição da produção e venda de carne sintética no estado por si liderado. DeSantis apresentou o projecto de lei, que diz pretender salvaguardar os interesses dos criadores de gado e a agricultura norte-americana. Mas não só. Nas palavras do líder conservador, esta medida visa ainda fazer frente aos planos totalitários de uma elite internacional. “A Flórida está a lutar contra o plano da elite global de forçar o mundo a comer carne cultivada numa placa de Petri ou insetos”, afirmou o governador da Flórida na semana passada.
Não é a primeira vez que DeSantis critica “elites globais” e organizações internacionais como o World Economic Forum, conhecido por promover o consumo deste tipo de produtos alimentares, e até insetos, em alternativa à carne de origem natural, como uma forma de reduzir as emissões de gases com efeitos de estufa e combater as alterações climáticas. De resto, alguns multimilionários, como Jeff Bezos e Bill Gates, têm investido fortemente nesta indústria, alocando muitos milhões de dólares para projetos de cultivo de carne sintética – como o Blind Spot também já havia noticiado.
Depois da Singapura, os Estados Unidos foram o segundo país a aprovar a produção e comercialização de carne cultivada em laboratório, no ano passado. Contudo, esta tendência continua a ganhar tração, e em Janeiro deste ano, também Israel já deu luz verde à produção de carne bovina sintética.
Saliente-se que a proibição anunciada por DeSantis não se aplica a outras alternativas vegetais à carne, como aquelas à base de soja, grãos ou outros alimentos de origem vegetal. Aliás, uma vez que a carne criada em laboratório é produzida com recurso a células de animais, não é considerada um produto vegano ou vegetariano.
Além da Florida, especula-se que os estados do Alabama, Arizona e Tennessee venham a aprovar medidas similares contra a carne produzida em laboratório. Na Europa, apesar de ainda não ter sido aprovado o cultivo de carne sintética, já se contam vários países, com Itália à cabeça, a recusar a entrada deste produto alimentar, por vezes apelidada de “carne Frankenstein”, nos seus menus.
Estas “carnes” são cultivadas em laboratório através da extração das células de animais, posteriormente alimentadas in vitro com nutrientes que incluem proteínas, açúcares e gorduras, num processo que ainda é muito caro.
Ver também:
Regulador norte-americano aprova venda de carne de laboratório – The Blind Spot
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