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Rede global de jornalismo advoga censura de qualquer contraditório sobre ciência climática

A Earth Journalism Network (EJN), uma rede global de jornalismo climático e ambiental, financiada por grandes organizações como as fundações Rockefeller, a fundação de George Soros e a Fundação Bill e Melinda Gates, lançou um relatório onde advoga que a ciência climática está “estabelecida” e insta os jornalistas a rejeitarem qualquer contraditório nas suas peças. A EJN foi criada em 2004 pela Internews, uma ONG que pretende “combater a desinformação” – com o financiamento de agências governamentais, de grandes fundações e de corporações multinacionais, como a Google e o Facebook.

“Os jornalistas não devem fornecer uma plataforma a fontes que negam a ciência climática: a ciência sobre as alterações climáticas está estabelecida. Os jornalistas precisam de compreender a ciência e reportar em conformidade. Os jornalistas não devem citar opiniões “céticas” juntamente com fontes credíveis de ciência climática em nome do ‘equilíbrio’.”

Estas palavras perentórias constam de um relatório sobre “jornalismo climático e ambiental”, que defende uma visão única sobre as questões do clima, e que nega o pressuposto mais básico da profissão: o contraditório. Lançado no mês passado, o relatório de 112 páginas foi financiado pela Earth Journalism Network (EJN), um projeto criado em 2004 para treinar, apoiar e financiar jornalistas em todo mundo que queiram cobrir a temática do ambiente e das alterações climáticas, para que possam “responsabilizar o poder e exigir ação”.

Com mais de 25 mil membros espalhados pelo mundo, a EJN qualifica, neste estudo, como “perturbadora” a prática jornalística em muitos países de incluir vozes divergentes sobre o clima nas suas reportagens. No entanto, salienta que em países ocidentais como o Reino Unido, a Alemanha, os Estados Unidos, esta procura por uma neutralidade na cobertura jornalística é menor, havendo uma tendência dos jornalistas para alinhar com o chamado ‘consenso’ climático. Já em países menos desenvolvidos como o Ruanda, o Paquistão e a Zâmbia, a preocupação dos repórteres em dar voz a opiniões contrárias é maior – amiúde, por receio de ‘censura’. No total, o estudo inquiriu 744 jornalistas e editores de mais de uma centena de países.

Por diversas vezes, os relatores utilizam o chavão da “desinformação” para definir qualquer ‘negação’ da tese de que as alterações climáticas antropogénicas são um facto científico consolidado. Sucede que a EJN ‘nasceu’ da Internews, uma organização sem fins lucrativos que, de acordo com o seu site oficial, apoia os “media independentes” de uma centena de países, onde treina “jornalistas e ativistas para os direitos digitais, [e] combate a desinformação”.

Conflitos de interesse

E é aqui que os conflitos de interesse saltam à vista: entre os seus financiadores, a Internews conta com dezenas de fundações, grandes corporações e conhecidos magnatas, que fazem ‘caridade’ através das suas associações filantrópicas nas mesmas áreas onde investem milhares de milhões euros. Entre os muitos exemplos, encontram-se Bill Gates, George Soros e os Rockefeller que, através das suas fundações, investem fortemente neste tipo de agenda, ao mesmo tempo que têm investimentos empresariais de muitos milhões em projetos “verdes”. Mas a lista de financiadores é extensa, e das corporações que apoiam a Internews, destacam-se ainda a Google, o Facebook, e a Sky News.

Fonte: https://internews.org/about/current-donors/

Com sede em Washington, a EJN, para além de apoios privados, obtém também financiamento público por via de entidades nacionais e supranacionais – como a Comissão Europeia, a Fundação das Nações Unidas, o Banco Mundial, o Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico, e o Departamento do Interior dos Estados Unidos.

Fonte: https://internews.org/about/current-donors/

Ver também:

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Fundação Gates doou mais 63,5 milhões para grandes média e Centros de jornalismo – The Blind Spot

Editor sénior da NPR: Financiamento externo impulsionou deriva ideológica radical – The Blind Spot

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