Disseminou-se na opinião pública a ideia de que o casal assassinado na semana passada no triplo homicídio na Penha de França era brasileiro, mas o taxista Bruno Neto era um português nascido em Portugal, e de uma família portuguesa – conforme o The Blind Spot apurou junto de familiares e amigos da vítima. Confrontado com esta informação, o jornal Público atualizou uma peça onde atribuía nacionalidade brasileira ao taxista, responsabilizando a Polícia Judiciária (PJ) que “admitiu erro”, e que “inicialmente, disse que ele era brasileiro, mas, agora, afirma que ele é português”. Questionada, a PJ assumiu que se terá tratado de um “lapso” e que ambos os cidadãos eram, na verdade, portugueses, tendo apenas Fernanda Júlia origem brasileira. Fontes próximas da vítima acreditam que informação errada foi transmitida deliberadamente.
Aparentemente, a Polícia Judiciária (PJ) ‘enganou-se’ a respeito da nacionalidade do casal assassinado no triplo homicídio da semana passada na Penha de França. Depois da tragédia, disseminou-se erradamente a ideia de que Bruno Neto e Fernanda Júlia eram ambos brasileiros, devido a uma peça do Público, que citava a PJ como fonte dessa informação. Após esta primeira notícia, o PÚBLICO Brasil publicou ainda uma reportagem intitulada “Casal de brasileiros executado em Lisboa deixa três órfãos. Ela estava grávida”.
No entanto, o The Blind Spot apurou junto de familiares e amigos próximos de Bruno Neto que o taxista era um português nascido em Portugal, de família portuguesa – não tendo, assim, nacionalidade brasileira. Esta informação foi também confirmada pela Polícia Judiciária, que inicialmente revelou desconhecimento sobre a origem do ‘rumor’ de que a vítima era um cidadão brasileiro, colocando a hipótese de a imprensa se ter baseado em vídeos nas “redes sociais”. Isto, apesar de na sua página de Facebook, Bruno Neto ter vídeos onde fala, de forma clara, português europeu e não do Brasil.
Só depois de o The Blind Spot ter questionado o jornal PÚBLICO acerca da veracidade do que havia noticiado, é que o jornal atualizou o artigo em causa, alterando também o título em que falava no “casal brasileiro” para “Fernanda e Bruno executados em Lisboa deixam três órfãos. Ela estava grávida”.
“Nesta segunda-feira (07/10), o texto e o título desta matéria foram atualizados com base na informação da Polícia Judiciária, que admitiu erro sobre a nacionalidade de Bruno Neto. Inicialmente, disse que ele era brasileiro, mas, agora, afirma que ele é português”, lê-se agora no final da peça. Saliente-se que o jornal que pertence ao grupo Sonae não deu qualquer resposta ao The Blind Spot.
Confrontada com este suposto “erro”, a Polícia Judiciária admitiu que se terá tratado de um “lapso”, e que se terá ‘assumido’ que ambos eram brasileiros porque Fernanda Júlia tinha origem brasileira – apesar de destacar, agora, que a mulher do taxista tinha adquirido nacionalidade portuguesa e que os dois eram, “para todos os efeitos, cidadãos portugueses”.
Familiares e amigos indignados com ‘desinformação’ sobre o taxista
Apesar desta versão da PJ de que tudo se tratou de um equívoco, algumas pessoas próximas de Bruno Neto mostraram indignação pelas “mentiras” propagadas a respeito da vítima – incluindo a teoria do “tráfico de droga” – e acreditam que a informação errada foi transmitida deliberadamente.
“A televisão está a querer abafar porque o sujeito não foi apanhado, então é mais fácil dizer que foi entre uns brasileiros e uns ciganos, e que não há nenhum português aqui envolvido”, disse ao The Blind Spot um ex-colega de escola e amigo próximo do taxista.
Na rede social Instagram, através de um vídeo, o instrutor de Muay Thai de Bruno Neto também se mostrou revoltado com a teoria de que o seu aluno seria traficante de droga. “Dói-me muito ver que há gente sem escrúpulos para tentar justificar um assassinato com esta desculpa cobarde. Tenham vergonha na cara. As pessoas têm família, respeitem a dor das pessoas”, afirmou.
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