A verdade nem sempre Ć© fĆ”cil de alcanƧar e, muitas vezes, nĆ£o existe em termos absolutos. Os fact checkers seriam, supostamente, um instrumento para ajudar nessa tentativa, atravĆ©s da (tal como o nome indica) āverificação de factosā. No entanto, especialmente sobre alguns assuntos, tĆŖm exatamente o papel contrĆ”rio ā ajudam a ocultar dados objetivos, evidĆŖncia cientĆfica ou opiniƵes qualificadas. Por outro lado, āfecham os olhosā a informação comprovadamente falsa, propagada por entidades pĆŗblicas, pelos media ou por empresas privadas. Em algumas situaƧƵes, sĆ£o, eles próprios, fonte dessa ādesinformaçãoā.
Inicialmente, a existĆŖncia de āverificadores de factosā parecia uma boa ideia porque, de facto, muitas informaƧƵes podem ser, de forma objetiva, verificados. Assim, em tese, Ć© possĆvel denunciar informaƧƵes falsas e dissuadir aqueles que delas quisessem tirar partido.
No entanto, os verificadores de factos foram progressivamente alargando o seu espectro de atuação. Apesar de manterem o nome, deixaram de verificar apenas factos e foram entrando, cada vez mais, no que eles querem que se consideram factos, apesar de manifestamente não o serem.
PosiƧƵes de instituiƧƵes pĆŗblicas (mesmo que sujeitas a dependĆŖncias polĆticas e financeiras), opiniƵes de peritos (mesmo com graves conflitos de interesse) ou resultados de estudos (mesmo que de mĆ” qualidade) passaram a servir como factos.
Outras instituições (públicas ou privadas), outros peritos (mesmo os mais conceituados), outros estudos publicados (mesmo de qualidade elevada) e até dados oficiais foram ignorados, ou censurados, por colocarem em causa certos (pseudo) factos.

Os motivos deste fenómeno serĆ£o variados, mas nĆ£o serĆ” muito especulativo afirmar que existe interesse em controlar, de alguma forma, a narrativa atravĆ©s destas entidades aparentemente credĆveis.
Até porque, a forma como elas se interligaram com as redes sociais e os media, permite-lhes denegrir, minimizar o alcance e censurar vozes incómodas.

A promiscuidade e os conflitos de interesses conhecidos são infindÔveis. Só para citar alguns exemplos, o International Center for Journalists (ICFJ), envolvido em inúmeros programas de fact-checking, entre os quais o do Facebook e do Instagram, tem como patrocinadores empresas como: a Bloomberg, a Pfizer, a Goldman Sachs e outras multinacionais de diferentes Ôreas, e recebe igualmente doações regulares da fundação Bill & Melinda Gates no valor de muitos milhões.
TambĆ©m a abertura dos ficheiros do Twitter permitiu comprovar a contaminação da rede social por inĆŗmeras InfluĆŖncias polĆticas e financeira. Um desses casos foi a intervenção direta de um grupo lobista da Pfizer e da Moderna, a BIO, na criação de um programa de āmoderação montado dentro da própria rede social que censurou inĆŗmeros conteĆŗdos verdadeiros, ou opiniƵes qualificadas, que colocavam em causa interesses da industria.
Ć evidente, pois, que inĆŗmeras instituiƧƵes tĆŖm fortes interesses e investimentos avultados nos āverificadores de factosā e que, o que se conhece serĆ” apenas a ponta do iceberg.
SerĆ” demasiado ingĆ©nuo acreditar que essas contribuiƧƵes nĆ£o esperam nada em troca, mas que fazem esses avultados investimentos pelo ābem comumā. Se considerarmos o tipo de āverificaçãoā que tem ocorrido nos Ćŗltimos anos, torna-se ainda mais clara a tentativa (bem sucedida) de influĆŖncia de āquem pagaā.
Desta forma, os āfact checkersā, aliados aos grandes media, sĆ£o (mais) um dos instrumentos usados para a crescente censura que se abate sobre as sociedades democrĆ”ticas, ocidentais e nĆ£o só.
Muitas vezes, sobre o pretexto de novas causas ou emergências, restringem cada vez mais a liberdade de expressão, essencial nas democracias, e ocultam da opinião pública factos, evidências ou opiniões relevantes.
Ć um tipo de censura, mais impercetĆvel para maioria, e tambĆ©m por isso, ainda mais perigosa.
Tem ajudado no enriquecimento desmedido de grandes multinacionais e dos seus investidores, à custa do empobrecimento geral das populações.
Tem contribuĆdo para uma sociedade, cada vez menos (bem) informada e dependente de fontes oficiais (infelizmente, cada vezes mais dependentes de interesses privados), abrindo assim caminho para um crescente, e perigoso, autoritarismo do estado e subserviĆŖncia individual.
à por isso necessÔrio denunciÔ-la e arranjar formas inteligentes de a contornar.
Ver tambƩm:
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Censura cientĆfica no Facebook com base em erros e omissƵes de dois fact checkers
Facebook censura publicação sobre vacinação Covid-19 baseada em estudo da revista Nature