O Global Disinformation Index (GDI) é uma organização que determina as receitas de média on-line, através da atribuição de uma cotação de “desinformação” e “extremismo”. A organização financiada por fundações, como a Open Society de George Soros, e por vários países, reconhece desmonetizar “factos prejudiciais” e “narrativas adversas”. Uma das vítimas foi jornal britânico UnHerd que viu as suas receitas publicitárias caírem inesperadamente para 2 a 6%. O GDI confirmou que o boicote publicitário se deveu ao facto de terem entrevistado pessoas com opiniões críticas a algumas políticas relativas à identidade de género.
O Global Disinformation Index (GDI) é uma organização que classifica o jornalismo e a informação online de acordo com o que considera ser “desinformação e extremismo”. Para isso, utiliza inteligência artificial “de ponta” e “análises exaustivas”.
Centram-se em três áreas principais: (1) criar um rating de risco de desinformação, (2) encontrar “desinformação e extremismo” em plataformas online, (3) fornecer informação e investigação. Essa informação é fornecida a anunciantes, a empresas de pesquisa, a redes sociais, a governos, a ONGs, e a meios de comunicação social.
É igualmente utilizada por inúmeros “governos, organismos reguladores e plataformas online” em todo o mundo como suporte para as suas políticas.
Independência e conflitos de interesse
O GDI foi fundado no Reino Unido em 2018 com o objetivo de asfixiar financeiramente quem divulgasse “desinformação” e publicações supostamente ofensivas através da internet.
No entanto, e apesar de se considerarem “neutrais e independentes”, os seus financiadores estão longe de o serem. O GDI é financiado por várias entidades, nomeadamente por fundações e por estados.
Financiamentos filantrópicos
Entre as fundações que reconhecidamente financiam esta organização, destaca-se a fundação Open Society de George Soros. Ora Soros, para além da enorme influência que exerce enquanto especulador financeiro, é conhecido por usar esta Fundação, e as suas subsidiárias, para alavancar as suas agendas pessoais. Em particular, as agendas (radicalmente) progressistas e “verdes”.
Muitas dessas agendas estão, direta ou indiretamente, ligadas a investimentos financeiros do multimilionário, como é o caso das suas apostas em empresas da área da indústria verde ou da saúde.
Mas a ligação entre o GDI e Soros não ficam por aqui. Clare Melford, uma das fundadoras da organização, foi a responsável pela transição do Conselho Europeu de Relações Externas da fundação Open Society para um estatuto independente.
Entre as outras fundações, que financiam também o GDI, encontram-se a Fundação Luminate (da família Omidyar), a Fundação Knight, a Fundação Bohemian e a Fundação Argosy. Na sua grande maioria, também elas apresentam uma agenda fortemente progressistas e “verde”.
Apoios estatais
Mas, para além de investimentos filantrópicos, o GDI é financiado direta ou indiretamente por estados, nomeadamente, pelo governo do Reino Unido, a União Europeia, o Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão e o Departamento de Estado dos EUA, através do Disinfo Cloud.
Censurar “factos prejudiciais”
A questão do conflito de interesses e do enviesamento ideológico, torna-se ainda mais preocupante porque a própria Clare Melford explicou numa entrevista, em 2021, que a definição alargada de desinformação era mais “útil”, dado permitir ir além da verificação de factos e visar tudo o que o (subjetivamente) considerassem “prejudicial” ou “divisivo”. Aquilo que ela classificou como “narrativa adversa”.
“Muita desinformação não se resume a saber se algo é verdadeiro ou falso – escapa aos limites da verificação de factos. Algo pode ser factualmente exato, mas ainda assim extremamente prejudicial…”
“Cada narrativa adversa recebe o seu próprio classificador de aprendizagem automática, o que nos permite procurar conteúdos que correspondam a essa narrativa em grande escala… misoginia, islamofobia, antissemitismo, conteúdos anti-negros, negação das alterações climáticas, etc.”
No fundo, o algoritmo criado retira financiamento a qualquer conteúdo que considerado subjetivamente ofensivo ou que apresente uma narrativa alternativa à oficial, por mais fundamentada que seja.
Desinformação pelo próprio GDI
A própria Melford deu publicamente um exemplo da ação da GDI sobre a desmonetização de uma notícia que considerou totalmente falsa, quando na realidade era verdadeira.
A informação estatística veio de um relatório de junho de 2021 da Public Health England sobre as variantes da Covid e indicava que a percentagem de mortes entre os vacinados.
Mas esse caso está longe de ser único e existem outros exemplos da falta de rigor com que a organização opera.
Entre eles está uma informação ainda não corrigida de 2020 sobre a “a teoria da conspiração do laboratório de Wuhan” em torno das origens da Covid-19, em que podemos ler que “cortar os anúncios a estes sites marginais e às suas redes externas é a primeira ação necessária”.
Isto apesar dessa hipótese ser considerada agora unanimemente como legítima (e muito provável) e que nunca deveria ter sido censurada.
Fonte: The Global Disinformation Index (online a 22 de Maio de 2024)
O caso UnHerd
Recentemente o editor-chefe do UnHerd veio denunciar que, por influência direta do GDI as suas receitas publicitárias caíram para 2% e 6% das receitas publicitárias expectáveis para a sua audiência.
Após uma série de pedidos, o GDI confirmou que colocou o média britânico na lista de publicações que promovem “desinformação” e que, por isso, devem ser boicotadas por todos os anunciantes.
A justificação dada foi de que o UnHerd promovia narrativas “não aceitáveis”, neste caso opiniões críticas a algumas políticas relativas à identidade de género.
“A nossa equipa reviu o domínio e a classificação não será alterada, uma vez que continua a ter narrativas anti-LGBTQI+… Os autores do sítio foram acusados de serem anti-trans. Kathleen Stock é reconhecida como uma feminista ‘proeminente e crítica do género’.”
Fonte: Inside the disinformation industry – UnHerd
Em sua defesa o UnHerd, indicou que os exemplos do conteúdo supostamente ofensivo incluiam “Kathleen Stock, cujas colunas foram nomeadas para um Prémio Nacional de Imprensa esta semana, Julie Bindel, uma ativista de longa data contra a violência contra as mulheres, e Debbie Hayton, que é transgénero”.
Para o seu editor, Freddie Sayers, o GDI equipara ideias “críticas em relação ao género, ou a defesa da existência de diferenças biológicas entre os sexos, a “desinformação”” isto apesar dessas crenças estarem “especificamente protegidas pela lei britânica e serem defendidas pela maioria da população”.
Como prova dessa arbitrariedade e subjetividade, refere ter descoberto entretanto que a Newsguard, uma agência de classificação rival, atribui ao UnHerd um índice de confiança de 92,5%, logo à frente do New York Times, com 87,5%.
Fontes:
The Global Disinformation Index
Inside the disinformation industry – UnHerd
Ver também:
Lobby na UE (3): Como atuam as grandes Fundações – The Blind Spot
Fact-Checkers do Facebook controlados por ativistas que suprimiram jornalismo – The Blind Spot
Investigação jornalística expõe rede de censura no Brasil – The Blind Spot
Editorial- Os interesses por detrás dos “Fact checkers” – The Blind Spot
Notícia falsa sobre eficácia das máscaras difundida pela comunicação social – The Blind Spot