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Estudo Lancet: Variante inglesa não apresenta maior letalidade. Prevalência sugere ser mais transmissível

Um estudo inglês diz que não há evidências que mostrem que a variante inglesa do SARS-CoV-2 (B.1.1.7) seja mais mortífera ou que provoque doença mais grave. Mas a análise diz que existem provas emergentes de uma maior transmissibilidade e carga viral.

Não encontrámos evidência de associação entre doença grave, morte e estirpe (B.1.1.7 vs não B.1.1.7) – quer nas análises não ajustadas, como nas análises ajustadas por hospital, sexo, idade, comorbilidades e etnia.”

Não detetámos quaisquer mutações B.1.1.7 de definição de COV nos 123 doentes imunocomprometidos com derrame crónico ou nos 32 doentes tratados com Remdesivir. A carga viral por proxy foi maior em B.1.1.7 amostras do que em amostras não-B.1.1.7.

Dos 341 pacientes com dados de sequência disponíveis, 339 pacientes (99%) tinham dados disponíveis sobre o nível de severidade da doença, segundo a escala OMS, ou morreram.

A tabela 1 mostra os principais indicadores:

Esta imagem tem um texto alternativo em branco, o nome da imagem é tabela-variante-1-rotated.jpg

A tabela 2 mostra a associação entre a estirpe B.1.1.7 (variante inglesa) e a severidade da doença ou morte.

Os dados mostram que, no espaço de 28 dias:

  • 31 (16%) dos 198 pacientes com B.1.1.7 morreram
  • 24 (17%) dos 141 doentes com outras variantes morreram.

Nesta análise, não encontramos associação entre as estirpes (B.1.1.7 vs não-B.1.1.7) e a doença grave ou morte.”

Esta imagem tem um texto alternativo em branco, o nome da imagem é tabela-variante-2.jpg

De acordo com a análise, e apesar de estudos anteriores sugerirem uma associação entre carga viral e mortalidade, os investigadores dizem que:

Embora os nossos dados mostrem que a B.1.1.7 foi associada a um aumento da carga viral por proxy dos valores de PCR Ct e NGS analisados em profundidade na nasofaringe, não vimos associação entre a B.1.1.7 e severidade da doença”. O relatório sublinha, porém, que o “domínio” desta nova estirpe numa comunidade onde já existia umavariante a circular “sugere uma seleção natural de um vírus mais transmissível, algo que é consistente com outros dados do Reino Unido e com os nossos.

O estudo

O estudo contemplou 496 amostras (9 novembro a 20 dezembro), das quais, 341 podiam ser sequenciadas. Deste total, 198 (58%) tinham infeção por B.1.1.7 e 143 (42%) não tinham infeção por B.1.1.7. Foi feito com o objetivo de investigar as características genómicas e os resultados clínicos associados à infeção por B.1.1.7 em pacientes internados nos hospitais ingleses. “Um dos pontos fortes deste estudo reside no seu timing, que foi várias semanas antes do pico das admissões hospitalares em Londres, e antes de qualquer limitação substancial de recursos ou tensão nos cuidados clínicos.”

Estas evidências contrariam também as declarações do 1º ministro inglês, Boris Johnson, que sugeriram a possibilidade de uma maior letalidade, e de outros responsáveis como Antony Fauci, um dos conselheiro da Casa Branca, que também referiu ter de assumir esse dado.

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