Um grupo de investigadores dos Serviços de Saúde do Reino Unido e de múltiplas universidades analisaram os dados Covid. Concluíram que “O risco geral de crianças ficarem gravemente doentes ou morrerem de Covid é extremamente baixo”.
Os investigadores analisaram os casos de morte Covid em crianças e jovens. Especificamente, separaram os casos de mortes de Covid-19 e as que ocorreram num “processo alternativo de doença, mas que, por coincidência, deram positivo.”
“As mortes em crianças e jovens na sequência da infeção por SARS-CoV-2 são raras. Quantificar o risco de mortalidade é um desafio devido à elevada prevalência relativa de manifestações de doenças assintomáticas e não específicas. Por conseguinte, é importante diferenciar entre as crianças e jovens que morreram de SARS-CoV-2 e aqueles que morreram de um processo alternativo de doença, mas que, por coincidência, deram positivo.”
Em primeiro lugar, relacionaram os dados de mortalidade infantil com os do PHE (Public Health England) para identificar quantos menores de 18 anos morreram com um teste SARS-CoV-2 positivo.
Depois, fizeram uma revisão clínica de todas as mortes entre março de 2020 e fevereiro de 2021 para distinguir as que morreram de infeção SARS-CoV-2 das que morreram de uma causa alternativa, mas que tiveram coincidentemente testes positivos.
Finalmente, relacionaram os dados nacionais de internamento hospitalar, detalhes demográficos e de comorbilidades das mortes Covid de menores de 18 anos e compararam-nas com todas as outras mortes.
Conclusões do estudo
Das 3 105 mortes de menores de 18 anos no primeiro ano da pandemia. 61 morreram com teste positivo mas apenas 25 foram da responsabilidade do SARS-CoV-2.
As restantes 36 crianças tiveram um teste Covid positivo na altura da sua morte, mas morreram de outras causas.
A taxa de sobrevivência entre os que tiveram infeção (detetada) foi de 99,995%. Dado o facto de muitas infeções passarem despercebidas (em especial, as assintomáticas e muito ligeiras), a taxa de letalidade deverá ser significativamente inferior.
A taxa de mortalidade, considerando a população daquela idade, foi estimada em 2 por milhão/ habitantes.
Entre as mortes atribuídas ao vírus (25):
- Cerca de 15 tinham condições “limitativas de vida” ou comorbilidades, incluindo 13 com neuro-incapacidades complexas;
- Seis não tiveram condições subjacentes registadas nos últimos cinco anos – embora os investigadores advirtam para que algumas doenças podem não ter sido detetadas;
- Apesar de igualmente baixas, as crianças e os jovens com maior probabilidade de morreram têm mais de 10 anos e são de etnia negra e asiática.
Os autores concluem:
“SARS-CoV-2 é muito raramente fatal em crianças e jovens, mesmo entre aqueles com comorbilidades subjacentes. Estes resultados são importantes para orientar as famílias, os médicos e os decisores políticos sobre a futura proteção e vacinação.”
Em declarações à BBC, alguns dos seus autores consideram o estudo como sendo dos “mais abrangentes feitos em qualquer lugar do mundo”.
De recordar que, desde muito cedo na pandemia, inúmeras evidências apontam para riscos residuais nestas faixas etárias.