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Saúde psicológica: custo do stresse no trabalho, em Portugal

Relatório publicado pela Ordem dos Psicólogos Portugueses mostra o custo do stresse e dos problemas de saúde psicológica no trabalho, em Portugal. O Estado e os empregadores perdem milhões de euros porque os colaboradores são menos produtivos, menos eficazes ou estão ausentes por motivos de doença.

A Organização Mundial da Saúde define que um local de trabalho saudável é aquele em que todos os membros da organização (empregadores, gestores e colaboradores) cooperam com vista ao melhoramento contínuo dos processos de proteção e promoção da saúde, da segurança e do bem-estar.

Porém, cada vez mais, as condições de vida e o bem-estar no trabalho não são influenciados apenas pela segurança e pela saúde nos locais de trabalho, mas também por fatores psicossociais. No entanto, a legislação atual atenta apenas à dimensão física da saúde.

No relatório “Prosperidade e Sustentabilidade das Organizações. Relatório do Custo do Stresse e dos Problemas de Saúde Psicológica no Trabalho, em Portugal”, publicado pela Ordem dos Psicólogos Portugueses, estima-se que os trabalhadores faltem, devido ao stresse e a problemas de saúde psicológica até 6,2 dias por ano.

No que diz respeito à saúde psicológica e aos riscos psicossociais no trabalho, Portugal enfrenta grandes desafios. O stresse e a falta de saúde psicológica no trabalho não têm apenas um custo humano enorme, mas também um impacto imenso na sociedade e na economia.

O Estado e os empregadores perdem milhões de euros porque os colaboradores são menos produtivos, menos eficazes ou estão ausentes por motivo de doença.

A perda de produtividade devida ao absentismo (ausência intencional e/ou habitual do trabalhador) e ao presentismo (corresponde à perda de produtividade) causados por stresse e problemas de saúde psicológica pode custar às empresas até 3,2 mil milhões por ano, o que equivale a três vezes mais do que custou a construção da Ponte Vasco da Gama.

No total, a perda de produtividade devido a estes fatores de influência psicológica pode custar às empresas portuguesas até 0,9% do volume de negócios.

Além disso, a investigação demonstra ainda, amplamente, outros efeitos adversos do stresse e dos problemas de saúde psicológica para as organizações, nomeadamente, o aumento de erros e acidentes por erro humano, assim como o aumento de conflitos laborais, da rotatividade e intenção de sair da organização.

De acordo com a Ordem dos Psicólogos, existem também dados que evidenciam que exigências laborais elevadas aumentam a probabilidade de diagnóstico de uma doença física em 35% e que longas horas de trabalho aumentam a mortalidade em quase 20%.

Riscos psicossociais

Quando falamos de stresse e os problemas de saúde psicológica no trabalho, os riscos psicossociais são, atualmente, uma das maiores ameaças à Saúde Física e Mental dos trabalhadores, ao bom funcionamento e produtividade das organizações.

Dentre estes riscos, temos: o stresse ocupacional, o assédio (moral e sexual), a violência no trabalho, a síndrome de burnout, a adição ao trabalho, a fadiga e carga mental no trabalho, assim como o trabalho emocional.

Os empregados a tempo inteiro em Portugal trabalham mais horas do que a média europeia

No que toca a horas semanais habitualmente trabalhadas, é de notar que Portugal tem um dos registos mais elevados da Europa, atingindo 41,1 horas de trabalho. De acordo com a Eurofound, este é o quinto valor mais alto entre 29 países.

O stresse no trabalho (ou stresse ocupacional) ocorre quando alguém sente que as exigências do seu papel profissional são maiores do que as suas capacidades e recursos para realizar as tarefas.

17 Colaboradores com depressão custam 149.500€

No relatório é mencionado como exemplo, uma revisão sistemática de estudos de Angerer et al. (2017), em que se conclui que entre colaboradores que faziam turnos noturnos o risco de depressão aumentava 42%.

Asume-se também que numa empresa, a prevalência da depressão é equivalente à da população portuguesa, ou seja 6,8% (Almeida & Xavier, 2013).

Pressupostamente, em média, cada colaborador a tempo inteiro, com uma depressão que não seja tratada, custa à organização 8.794€ por ano. Então, uma empresa com 250 colaboradores pode ter 17 com depressão que, se não for tratada, custará à empresa cerca de 149.500€, por ano.

Em Portugal, pouco mais de 10% das empresas têm procedimentos para lidar com os riscos psicossociais. A Ordem dos Psicólogos apresenta algumas recomendações para as organizações, no seu relatório.

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