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Estudo: Medidas Covid nos lares resultaram em aumento de mortalidade global

A proteção dos lares tem sido um dos objetivos apontados como prioritário para a redução do impacto da Covid-19. No entanto, existe alguma evidência que, mesmo essas medidas, podem ter efeitos colaterais significativos. O estudo “Nursing home quality, COVID-19 deaths, and excess mortality” confirma essas suspeitas e identifica uma maior mortalidade geral (por todas as causas) nos lares em que mais medidas anti-Covid são adotadas.

Os grupos etários mais afetados em termos de mortalidade na pandemia são os idosos, na sua grande maioria com mais de 70 anos.

Tem sido uma preocupação por parte das autoridades criar regras e medidas para serem implementadas nos lares de idosos onde se encontra concentrada uma parte importante da população deste grupo etário.

Custos de medidas de prevenção da Covid-19

Os autores consideram plausível que lares de maior qualidade podem ter conseguido evitar mortes associadas à Covid-19, nomeadamente, por possuírem mais trabalhadores e, dessa forma, isolarem e monitorizarem os doentes mais facilmente.

Salientam, no entanto, que esses ganhos podem também ter custos. 

“Uma abundância de evidências qualitativas de trabalhadores dos lares de idosos, administradores e membros da família residente sugere que a falta de contacto presencial com os entes queridos e outros residentes não só gerou sentimentos de solidão, isolamento e desespero, mas também pode ter acelerado a morte (Aronson, 2020 Paulin, 2020; Graham, 2020).”

Para investigar essas alegações, foi realizado o estudo “Nursing home quality, COVID-19 deaths, and excess mortality” que analisou os dados da mortalidade nos lares relacionada com Covid-19 e a mortalidade geral por todas as causas, fazendo inclusive a comparação entre lares de menor e melhor qualidade (Cinco estrelas).

Conclusões do estudo

A qualidade dos lares não prevê a capacidade de prevenir quaisquer casos de Covid-19 de residentes ou trabalhadores, mas estabelecimentos de maior qualidade reduzem a propagação de infeções de residentes, no caso de existir já alguma.

Deste modo, inicialmente os lares de melhor qualidade conseguiram ter números mais baixos de mortalidade por Covid-19, mas essa vantagem foi-se degradando e há um aumento gradual de mortalidade associada à Covid-19 ao longo do tempo, deixando de haver diferença significativa para com os lares de menor qualidade. 

Além disso, a prevenção de casos e mortes Covid-19 pode ter algum custo, uma vez que as casas de alta qualidade têm mortes não-Covid substancialmente mais elevadas.

No estudo, os lares de melhor qualidade apresentam maior mortalidade por todas as causas em comparação com os restantes, apesar de terem menos óbitos por Covid-19.

“A correlação positiva entre a qualidade do estabelecimento e a mortalidade não-Covid é suficientemente forte para que as casas de alta qualidade também tenham mais mortes totais do que as suas congéneres de baixa qualidade e esta relação tem crescido com o tempo. 

Até finais de abril de 2021, as casas de cinco estrelas sofreram mais 8,4% de mortes totais do que casas de uma estrela.”

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