Após intimação judicial, a agência de saúde norte-americana CDC começou a disponibilizar dados relativos à sua app V-Safe. Entre dezembro de 2020 e agosto de 2022, cerca de 33% dos utilizadores reportaram impactos adversos na saúde e 7,7% reportaram ter tido necessidade de assistência médica.
O CDC (Centros de Controlo e Prevenção de Doenças) criou um app designada V-Safe, que tinha como objetivo averiguar os efeitos adversos das primeiras administrações das vacinas covid. No entanto, nunca tinha divulgado os resultados dessa monitorização.
Perante essa recusa, a Rede de Ação de Consentimento Informado (ICAN), moveu um processo judicial e utilizou a Lei da Liberdade de Informação (FOIA- Freedom of Information Act) para obrigar o CDC a disponibilizar esses dados. Em Setembro deste ano, uma ordem judicial intimou a agência de saúde norte-americana a revelar esses dados e estabeleceu prazos de entrega.
Apesar de não ter cumprido os prazos a que se tinha comprometido, o CDC libertou entretanto alguma dessa informação.
Dados do V-Safe
Cerca de 10 milhões de pessoas inscreveram-se e apresentaram relatórios de saúde após a vacinação covid-19.
O ICAN pegou nos dados oficiais fornecidos pelo CDC e criou uma dashboard que permite visualizar as mais de 144 milhões de entradas de saúde obtidas, entre um de dezembro de 2020 e um de agosto de 2022.
Impactos na saúde reportados
Foram reportados 3,3 milhões de impactos negativos na saúde. 25% dos utilizadores do v-safe tiveram um evento que os obrigou a faltar à escola ou ao trabalho e/ou impediu atividades normais.
7,7% dos utilizadores (782.913) reportaram ter recorrido a assistência médica, intervenção nas urgências e/ou hospitalização.
Desse grupo, cerca de 50%, com 3 ou mais anos de idade, e 65,5%, com 2 ou menos, reportaram ter tido necessidades de cuidados urgentes.
Reações adversas por marca
A vacina Moderna foi a que teve maior número de reações adversas (quase metade do total). Considerando a sua cota parte na vacinação total, os dados sugerem que tem uma quantidade de impactos negativos desproporcionalmente alta, muito superior à da Pfizer (e das restantes marcas).
Estes dados relativamente à Moderna parecem, aliás, corroborar a conclusão de vários estudos que comparam a frequência de eventos adversos entre diferentes marcas de vacinas.
Sintomas
O CDC disponibilizou um número limitado de sintomas pré-preenchidos. Desses, o sintoma mais comum foi a dor, com mais de 19 milhões de eventos reportados, dos quais mais de 4,3 milhões moderados e cerca de 458 mil severos.
Limitações dos dados
A análise dos dados apresentados pelo CDC e da própria apresentação gráfica do ICAN, deve ser feita com alguma cautela.
O facto de um evento ser reportado depois de outro, não significa que seja causado por ele (correlação é diferente de causalidade).
Por outro lado, seguramente que nem todos os eventos são relatados. Este sistema de monitorização terá, provavelmente, dificuldade em registar casos de gravidade máxima, em especial se o utilizador da app falecer.
Também a representação gráfica dos resultados não disponibiliza informações importantes para uma análise completa. Por exemplo, não são apresentados: (1) o tempo que decorreu entre a toma e o evento; (2) a causa da assistência médica ou (3) o universo a que se referem os dados. Por exemplo, seria importante perceber-se, não apenas o total de eventos adversos associados a cada fabricante de vacinas, mas a frequência relativa desses efeitos em cada uma.
Este tipo de instrumento pode ser, apesar de tudo, muito importante e, em conjugação com outros como o VAERS, ajudar a perceber o perfil de segurança destas vacinas.
Continuação do litígio
Os advogados que lideram o processo legal movido ao CDC continuam a solicitar dados, que não foram ainda disponibilizados, nomeadamente os que dizem respeito aos campos de texto livre. Os dados fornecidos, até ao momento, dizem apenas respeito às opções pré-definidas (como os sintomas reportados).
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