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O Fórum Económico Mundial: oportunidade ou controlo?

O Fórum Económico Mundial, iniciado em Davos no início de 1971, constitui uma plataforma global de entidades público-privadas. Não obstante o objetivo de pretender desenhar soluções globais e oportunas para problemas globais, parece subsistir uma certa opacidade quando se transpõem soluções globais para o nível nacional dos Estados soberanos.

Klaus Schwab, engenheiro de origem alemã, é o Chairman do Fórum Económico Mundial (FEM) com sede em Davos, na Suíça. Quem tiver acompanhado este fórum como eu desde inícios do ano 2000, terá observado o desenvolvimento de um mundo globalizado. Este Sonho de Davos tem vindo a cumprir as suas profecias, de entre as quais a mais recente é o «Milagre do Sri Lanka» – palco de uma nova oportunidade para a renovação do modelo de desenvolvimento, como reforçado pelo Banco Mundial.

Foi concebido no início de 1971 por um grupo de empresários europeus de sucesso preocupados com os problemas globais vividos na época, e com a intenção de procurar soluções que os pudessem resolver. Desde então, a plataforma global criada pretendeu iniciar uma gigante parceria público-privada global com o intuito de promover uma «globalização mais equitativa».

Com este propósito e no âmbito da Quarta Revolução Industrial, o FEM atualizou o Manifesto de Davos e no seio do qual propõe um novo quadro de referência para as empresas relativamente a: pagamento de impostos mais justos; tolerância zero com a corrupção; promoção dos direitos humanos ao longo das cadeias de produção à escala global. Quer isto dizer que temas como «carbono zero», «covid zero», «transumanismo», «revolução verde», «energias renováveis» e «tecnologias de reconhecimento facial», são alguns dos mais considerados.

Stakeholders de Davos

Tal é a importância atribuída à governança mundial que, no seu Conselho de Curadores, pode encontrar líderes mundiais tais como Kristalina Georgieva (Diretora Geral do FMI), Chrystia Freeland (Ministra das Finanças, Canadá), Christine Lagarde (Presidente do Banco Central Europeu), Laurence Fink, Chairman (CEO) da BlackRock, Yo-Yo Ma, (reconhecido violoncelista mundial), entre muitos outros.

Esta plataforma de parcerias público-privadas tem ainda vindo a reforçar a relação com as grandes multinacionais como Pfizer, Moderna, BlackRock e Microsoft, com forte aposta no design de uma «política de saúde global».

A pensar no futuro iniciaram uma escola de jovens líderes em 1992, tendo enquadrado logo nos primeiros cursos políticos como a alemã Angela Merkel, o britânico Tony Blair, o russo Vladimir Putin ou a neozelandesa Jacinta Ardem. Este Forum de Jovens Líderes Globais visa também criar uma rede com o propósito de sensibilizar as novas gerações para a sua agenda global.

Algumas reservas

Contudo, algumas críticas têm vindo a ser apresentadas e relativamente a diversos assuntos. A começar logo pelo sentido de «renovação». Renovar as sociedades e as economias, mas, exatamente, de onde, como e para onde? Alguma distopia parece emergir na visão apresentada em 2016, quando anunciaram o slogan futurístico para 2030 – «Bem-vindo a 2030. Eu não possuo nada, não terei privacidade, e a vida nunca terá sido tão boa.».

Também muito fica por esclarecer no que diz respeito à agenda da saúde como, por exemplo, relativamente ao passaporte digital no momento presente. Apenas há quatro meses, na reunião dos G20 em novembro de 2022,  e na qual Klaus Schwab também discursou, o ministro da saúde indonésio afirmava a necessidade da implementação global do certificado digital de saúde aprovado pela OMS, o que permitia por um lado, a atribuição de privilégios a pessoas vacinadas relativamente à sua movimentação numa próxima pandemia (mas que ainda não se sabe bem quando será); e por outro, permitia também evitar novos confinamentos globais e totais. Terá o G20 o apoio do FEM nesta matéria? Não está explícito. Assim como, ainda no que diz respeito à agenda da saúde, mas agora no capítulo das neurociências, também muito fica por esclarecer. Na  entrevista concedida à Radio Televisão Suíça em 2016, o Chairman do FEM afirmou que estaria para breve a introdução de um chip no cérebro de todos os seres humanos. Como, com que finalidade e com que autorização são perguntas ainda sem resposta.

Outra agenda como é a formação de jovens líderes globais tem vindo, também, a suscitar uma reserva crescente. A 20 de setembro de 2017, e num evento na Harvard Kennedy School, Klaus Schwab terá afirmado então o seu orgulho relativamente ao desempenho do primeiro grupo de jovens líderes. Mas, terá acrescentado, era com a mais recente geração que o FEM tinha finalmente «penetrado nos gabinetes» governativos, tendo mesmo dado como exemplo o governo canadiano de Justin Trudeau, onde cerca de metade ou até mais de metade dos elementos seria um jovem líder global de Davos.

Finalmente, a conjuntura dos últimos três anos tornou a circulação da informação mais opaca, tendo surgido um certo incentivo à censura. Recentemente, esta tendência relativa à liberdade de informação foi operacionalizada no discurso que Jacinta Ardem apresentou na Sessão 77 da Assembleia Geral das Nações Unidas, decorrida em Nova Iorque entre 20 e 26 de setembro de 2022. Esta jovem líder global de Davos manifestou a sua preocupação com a desinformação e a necessidade de se restringir a liberdade de expressão e de comunicação, e ensaiou uma espécie de comparação entre liberdade de expressão («free speech») e as «armas de guerra» («weapons of war»). Já anteriormente, a primeiro-ministro neozelandesa teria afirmado, numa conferência de impressa em maio de 2020, ser o governo a «única fonte de verdade».

Na realidade, esta quarta revolução industrial em curso pode também significar maior controlo e perda de liberdades, direitos e garantias dos cidadãos à escala global. Se recordarmos a promoção da tecnologia de reconhecimento facial promovido por Davos, uma prática de controlo social chinesa, será mais fácil começar a compreender alguns contornos e limites do sonho futurístico desenvolvido pelo Fórum Económico Mundial. De igual modo, se também recordarmos a posição do jovem líder global Tony Blair sobre as plataformas de gestão e controlo de vacinados anticovid e não vacinados, sustentada na última reunião de Davos em janeiro de 2023, ficará certamente mais fácil compreender aqueles contornos e limites.

Mas melhor de tudo isto, será mesmo fundamental ler os dois livros publicados por Klaus Schwab: COVID-19. O Grande Reset e A Quarta Revolução Industrial.

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