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Há poucos dias reuniu a Cimeira dos Governos Mundiais 2024 no Dubai. Aqui foi reafirmada a transição da Quarta Revolução Industrial para a Era da Inteligência. Uma nova era humana onde, supostamente, se fundem as dimensões, física, biológica e digital. Além da presença de Klaus Schwab, a novidade foi mesmo a participação de Tucker Carlson, jornalista norte americano que recentemente entrevistou Vladimir Putin. Carlson, aliás, não se poupou nas críticas à visão de Schwab, considerando-a “extremamente perigosa”.

A Cimeira dos Governos Mundiais de 2024 teve como tema “Modelando os Governos do Futuro” e decorreu no Dubai entre 12 e 14 de fevereiro, envolvendo líderes mundiais e especialistas em políticas públicas unidos na missão de criar um futuro melhor.

Esta última reunião teve como foco seis temas principais: urbanização e prioridades de saúde globais, a inteligência artificial e as fronteiras do futuro, reimaginar o desenvolvimento e o futuro das economias, sustentabilidade e novas transformações globais, e aceleração e transformação governativa.

Fonte: Featured Sessions | World Government Summit

Karl Schwab: a fusão da dimensão física humana com a Tecnologia Digital

No seu discurso, Klaus Schwab, Presidente do Fórum Económico Mundial, afirmou que no momento presente já ultrapassámos a “Quarta Revolução Industrial” e estamos a entrar naquilo que identificou como a nova era – a Era da Inteligência. Acrescentou ainda que, da discussão tida com o Chat GPT sobre como será esta era, este apresentou o futuro como “um novo amanhecer da civilização humana e no seio da qual a Inteligência Artificial, a Robótica, a Internet das Coisas, a Impressão 3D, a Engenharia Genética, a Computação Quântica são as fundações da vida no dia a dia.”. E acrescenta que “veremos a fusão entre as dimensões física, digital e biológica. Pelo que será um mundo novo.”.

Fonte: Tucker Carlson impressed by Klaus Schwab’s speech at the World Government Summit 2024.

De facto, esta mudança de estilo de vida é, acrescenta Schwab “uma transição na qual nós, e particularmente vós, líderes políticos estão a modelar o futuro. Então, o que significa isto? Nós não queremos transformar a Quarta Revolução Industrial numa burocracia fria. Não queremos mudar para uma tecnocracia. Queremos mudar para aquilo que eu gostaria de designar por «humorcracia», um mundo onde usamos a tecnologia para utilizarmos todo o nosso potencial humano e criarmos um mundo melhor.”.

Quando as alterações climáticas têm impacto na saúde

Também foi reafirmado o propósito de perseguir o legado do COP 28 tendo Peter Sands, Diretor Executivo do The Global Fund, afirmado que “A frequência crescente de fenómenos meteorológicos graves, como ciclones devastadores e inundações inesperadas, está a provocar picos súbitos de doenças e mortes. A poluição atmosférica está a provocar mais de 7 milhões de mortes em excesso por ano. Em países como o Malawi, o peso destas consequências recai sobre pessoas inocentes. É uma dura realidade que os menos responsáveis pelas alterações climáticas são frequentemente os primeiros a sofrer os seus impactos.”.

Sands acrescentou também que “Ao alinhar os nossos esforços com o financiamento climático, podemos acelerar o progresso no sentido de alcançar a cobertura universal de saúde face às alterações climáticas. Sabemos que a crise climática é uma crise de saúde – e o número de vidas humanas salvas deve ser a nossa Estrela Polar para uma ação ambiciosa em matéria de clima e saúde.”.

Por seu turno, a Ministro da Saúde do Malawi Khumbize Chiponda, salientou que, em virtude da extrema associação entre o clima e a saúde na atualidade, “Temos de levar por diante o legado da COP28, traduzindo as promessas em resultados positivos.”.

A referida política africana concluiu que o bem-estar das comunidades deve ser o objetivo último de todo o tipo de investimento estratégico que envolva o clima e a saúde, e referiu como exemplo desta ligação, o aumento de doenças como a cólera e a malária associado à dificuldade em se assegurar a continuidade dos serviços de saúde em situações climáticas extremas e quando as infra-estruturas são danificadas.

Por isso acrescentou ainda que “É tempo de transformar os compromissos em benefícios reais para as comunidades rurais africanas vulneráveis, que suportam um fardo desproporcionado dos impactos das alterações climáticas, apesar das contribuições mínimas para as emissões.”.

Fundado em 2013 sob a liderança do Primeiro Mistro e do Vice-Presidente da União dos Emiratos Árabes, reúne-se anualmente no Dubai. Pretende promover a reflexão da agenda do futuro e das próximas gerações de governantes, colocando a inovação e a tecnologia ao serviço da resolução dos desafios globais.

COP 28 – as Nações Unidas e as Alterações Climáticas

A Conferência sobre a Mudança Climática da Organização das Nações Unidas (ONU) é referida como COP28. A última reunião decorreu no Dubai entre 30 de novembro e 12 de dezembro de 2023.

Anualmente organizada, trata-se de um fórum multilateral sobre reflexão e tomada de decisão no que diz respeito a políticas públicas concretas que, por um lado, limitem o aumento da temperatura global acima de 1,5 graus celsius e, por outro, procurem atingir o “net-zero” de emissões em 2050.

As grandes ideias no Dubai

Na recente cimeira, o palco é concedido à transição – da Quarta Revolução Industrial para a Era da Inteligência, onde são reafirmados os três eixos desta nova era humana: a rapidez da transição, a combinação de tecnologias que são o suporte da grande transformação e a fusão das dimensões humanas física e biológica, com a tecnologia.

O binómio clima-saúde sai, uma vez mais, reforçado, num ambiente onde a Inteligência Artificial parece ser a palavra-chave da mudança.

Tucker Carlson: a novidade da cimeira

Tucker Carlson, jornalista norte-americano que recentemente ficou mundialmente conhecido após a sua entrevista a Vladimir Putin, participou na recente cimeira. Tucker começa por confessar, como aliás já o fizera anteriormente num dos seus programas, que tinha ficado irritado com a interferência dos Serviços de Inteligência norte-americanos quando, há alguns anos, tinha tentado entrevistar o presidente da Rússia. Decidiu não desistir porque se tratava de um país com o qual o seu país está em conflito, embora não declaradamente. Acrescenta também que não tem ideia do resultado das próximas eleições norte-americanas, e não deixa de criticar o atual governo norte-americano pela sua incompetência.

Mas talvez a sua contribuição mais impactante tenha sido no final da sua intervenção em que de forma direta refere a pretensão de “moldar” a realidade, que tinha ouvido nas intervenções anteriores, como algo distópico e extremamente perigoso.

Desta forma, Tucker atingiu não só Klaus Schwab, o grande impulsionador dessa pretensão, mas também o próprio tema da cimeira (“Moldar os futuros governos”).

(…) Quando acreditas que tens o poder de “moldar o mundo” e as outras pessoas, como ouvimos hoje de manhã, através de.. tu sabes.. biopirataria. Quando achas que consegues criar um novo ser humano através de tecnologia, é muito perigoso. Porque não conheces os teus limites. Vais fazer com que muitas pessoas morram, quando tens essas falsas crenças.”

Fonte: LIVE: Tucker Carlson, Takes Part in World Government Summit at What’s Next for Storytelling? | IN18L

Referências:

world governments summit 2024 – Google Search

WAM – Emirates News Agency

(5) A Conversation with the Founder of NVIDIA: Who Will Shape the Future of AI? – YouTube

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