Uma investigação do jornal The Objective a uma complexa rede empresarial liderada pelo empresário espanhol Claudio Rivas, envolve o filho de Marcelo Rebelo de Sousa, e alega ter sido graças aos seus esforços que foi obtida uma licença de operador para a compra e venda de combustíveis em Portugal. O jornal refere que, segundo vários envolvidos não identificados, Rivas, atualmente preso, obteve o licenciamento para venda de combustível graças a “um importante contacto no governo português”, o que teria permitido “abrir caminho” para essa concessão em setembro de 2020. Nos registos da Guarda Civil espanhola a que o jornal afirma ter tido acesso, Rivas é informado que Nuno Rebelo de Sousa teria pedido para “entrar na empresa com uma percentagem”.
Após ter desvendado os favores do Governo espanhol para a obtenção de licenças para a venda de petróleo, o The Objective revela que o complexo esquema teve igualmente ramificações em Portugal, envolvendo Nuno Rebelo de Sousa e o governo da altura, liderado por António Costa António Costa, com base em fontes ligadas ao acaso, mas que não identifica.
Numa conversa intercetada pela Unidade Operacional Central (UCO) da Guarda Civil espanhola, em agosto de 2021, entre dois protagonistas do escândalo, o ex-presidente do Zamora FC, Victor de Aldama, informou Rivas:
“Amanhã, às quatro horas, tenho uma conferência com o filho do Presidente de Portugal. Ele perguntou-me se podia entrar na empresa com uma percentagem”.
Segundo o The Objective, vários dos membros do esquema explicam que “Cláudio Rivas não nos disse se conseguiu finalmente que o filho do presidente português entrasse”, mas que nessas conversas ‘toda a insistência de Cláudio era que ele entrasse porque ia facilitar bastante o caminho, porque em Portugal era mais difícil do que em Espanha’.
Segundo a investigação, todos perceberam que “foi com a ajuda dele” e que é “muito mais fácil” obter a licença e operar um “volume significativo de negócios” de forma duradoura.
O primeiro operador português
Deste modo, a empresa portuguesa inicialmente licenciada (setembro de 2020) foi a Intenseyellow, propriedade de Claudio Rivas, que agora dá pelo nome de E F Iber Combustiveis.
Desde esse momento, Rivas lucrou com a compra e venda de petróleo em Portugal e comercialização de combustíveis através de outras empresas espanholas, com as quais terá defraudado o estado espanhol em centenas de milhões durante o processo da sua comercialização.
O caso em Espanha
O caso revela um suposto esquema de fraude no sector dos hidrocarbonetos, envolvendo a intervenção do antigo Ministro dos Transportes, José Luis Ábalos, na obtenção de licenças para operadores. Ter-se-ão realizado inúmeras reuniões entre os acusados e altos funcionários dos Ministérios da Indústria e da Energia do governo de Pedro Sanches.
Essas licenças permitiriam às empresas contornar o pagamento do IVA de 21% durante dois anos, cometendo, assim, crimes financeiros significativos.
(em atualização)
Ver também:
Caso Gémeas: Jornalistas não quiseram pegar na história – The Blind Spot