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(Co)incidentes (intro)missões Geo políticas no nosso quotidiano

Com este texto pretendo colocar o dedo na ferida exposta que nos incomoda profundamente, ainda que alguns a tentem ignorar, uma vez que estou em querer que as coincidências e acontecimentos observados ao longo dos últimos meses têm contribuído significativamente para o desmantelar das sociedades e para a qualidade de vida dos povos, tal como as conhecemos e concebemos. Por isso mesmo, julgo que está na hora de fazer uma séria reflexão, baseada em dados que nos permita entender ou tirar as ilações necessárias para nos apercebermos que há sim, interferências externas, responsáveis pelo clima que se tem vivido e continuará a viver no mundo. Por isso parece ser de todo legítimo analisar à luz dos acontecimentos mais recentes, quais as consequências que virão já neste inverno e que se prolongarão por vários momentos no mundo inteiro. Por outras palavras parece ser conveniente abordar o estado da arte do tal VUCA, que tanto hoje se fala com base nos dados que temos, para entendermos o verdadeiro patchwork que compõe a política internacional atual, e a forma como isso nos afeta e nos conduz, rumo a um novo recomeço, sendo cada parte unitária uma componente fundamental do “padrão” que só será visível por todos, à medida que as peças forem sendo adicionadas. Será revelado para todos então, o desenho que nos está a ser mostrado há meses mas que só alguns já o entenderam..

A teoria do caos, inicialmente e de forma equivocada afirma que os acontecimentos ocorrem isolados, sem qualquer ligação entre si. Mas, à medida que estes se sucedem e se adensam, percebemos claramente que tudo está interligado. Parece-nos servir de bússola, para recuperarmos o norte e encontrarmo-nos desde que, claro, façamos o nosso caminho com uma mente e espírito abertos e sem preconceitos ou tabus limitadores que nos impeçam de ver o óbvio, as verdades incómodas ou como, dizem os ingleses, aquilo que está hidden in plain sight (escondido mesmo à nossa frente)

Para isso, socorro-me dos eventos absolutamente frenéticos, desde 2019 a esta parte, que foram ocorrendo neste mundo VUCA, como vários afirmam de um ponto de vista conformado e desculpabilizador dos acontecimentos. O primeiro, se bem se recordam, foi o (conveniente) encalhamento do navio EverGreen num dos maiores canais de comércio durante vários dias que desestabilizou o comércio internacional por via marítima e criou um “tampão” no canal do Suez que fez com que os preços do frete (transporte) aumentassem para níveis que há data, ainda não foram repostos. Isto, precisamente durante a época em que o elefante na sala – a pandemia de covid-19 – impedia a produção e a indústria por via de Lockdowns draconianos, e estava, para continuar com a metáfora, a partir todos os “cristais” da democracia e a destruir qualquer noção de liberdade e garantias individuais adquiridas, para abreviar, impondo inúmeras leis que violavam claramente o estado de direito dos países.

Mas nunca talvez como agora. as recorrentes (co)incidências políticas na vida dos países e dos cidadãos que dá título a este artigo foram tão descaradas e notórias. Desde logo, as sanções europeias à Rússia numa altura em que havia uma excessiva dependência da segunda que precipitaram a Europa numa crise energética sem precedentes. O segundo é consequência dessa atitude foi de lá para cá as constantes e convenientes avarias no Nord Stream até à sua avaria final que, com estrondo, abafado pelo mar, fez tremer e suscitou um medo visceral nas pessoas que anteviram o que aí vinha. Agora, e de forma inédita, foi a vez da Nigéria que estaria a fornecer LNG para países como Portugal que iria permitir que este fosse poupado a um desastre maior (dado que a sua exposição aos gasodutos afectados era parca comparativamente aos países do norte), ser assola(pa)da por uma intempérie que irá segundo as notícias reduzir a entrega do gás à Galp significativamente.

É como se as alterações climáticas pudessem de facto selecionar muito bem, no tempo e no espaço de forma inteligente, e ter o timing perfeito, para criar problemas e perturbações em locais estratégicos, na pior altura possível. É como se a lei de Murphy que prescreve que, tudo o que pode suceder, sucederá na pior altura possível, viesse em esteróides para nos assombrar. À parte de teorias científicas que requerem probidade universalizante, para serem considerados válidas e lei, o certo é que hoje, mais do que nunca, a geopolítica e os acontecimentos estão a concorrer para destruição das civilizações tal como as conhecemos e temo, que as coincidências,. que agora começam a ficar claras e à vista de todos, possam prosseguir o seu caminho, na certeza porém que cada vez mais será notória a ligação que estas têm entre si. Quem ainda não está a ver, ou continua a achar que isto é obra do acaso, não se preocupe, que em breve irá ver.  Até porque, será humanamente impossível esconder as relações estabelecidas ao longo desta cadeia durante muito mais tempo. Até lá, e enquanto isso não acontece, sou só mais um chalupa a escrever algo que poderá ou não ser qualquer coisa e ter validade, sei lá eu. Mas, por via das dúvidas, escrevo pois mais vale prevenir do que vir a remediar mais tarde.

Bruno Monarca

Consultor e Gestor

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