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Países Baixos quer encerrar 3.000 quintas para cumprir metas climáticas

O governo dos Países Baixos prepara-se para encerrar 3.000 quintas para cumprir com os regulamentos da União Europeia. O executivo neerlandês planeia comprar os terrenos, mesmo que seja contra a vontade dos produtores de gado, para depois dar-lhes um destino diferente.

“Não há a perspetiva de uma melhor oferta”, disse Christianne van der Wal, ministra para a Natureza e a Política de Nitrogénio, no parlamento neerlandês, na passada sexta-feira.

Segundo o jornal The Telegraph, no total, será destinada uma verba de 25 mil milhões de Euros do erário público dos Países Baixos para encerrar quintas e indústrias que emitem quantidades substanciais de nitrogénio. As propostas de compra podem atingir até 120% do seu preço real.

Em causa está a intenção governamental de reduzir para metade as emissões do composto químico até 2030. Mas, para atingir esse objetivo, o governo estima que 11.200 quintas terão que ser encerradas e 17.600 outras têm que reduzir significativamente o número de cabeças de gado.

Agricultores contestam impacto do nitrogénio

De acordo com o artigo do The Telegraph, os Países Baixos estão a tentar diminuir as suas emissões para cumprirem com as regras de conservação da União Europeia e a agricultura é responsável por quase metade do nitrogénio emitido no país.

Mas os agricultores argumentam que estão a ser injustamente castigados e que existem outras indústrias perigosas para o ambiente que têm permanecido comparativamente incólumes, como é o caso da aviação.

As aquisições compulsivas dos terrenos são uma linha vermelha para os agricultores, que fizeram protestos massivos, vandalizaram infraestruturas e montaram piquetes nas casas dos ministros nos últimos três anos, numa tentativa de alterar as intenções governamentais em curso, conforme o The Blind Spot noticiou em julho.

“A agricultura global, em certo sentido, é de soma zero”, disse Ted Nordhaus, diretor executivo do Breakthrough Institute, um centro de pesquisa global, numa entrevista dada este verão ao Washington Examiner.

“Portanto, se a produtividade e os rendimentos caírem na Holanda, isso significa que a procura será satisfeita noutro lugar”, disse.

A agricultura é um setor crítico na economia dos Países Baixos. O país é o segundo maior exportador mundial de bens agrícolas, ultrapassado apenas pelos Estados Unidos da América, e as suas exportações no setor atingiram cerca de 105 mil milhões de Euros só em 2022.

Taxas de emissões na Nova Zelândia

Em outubro, na Nova Zelândia, os agricultores também saíram às ruas para se manifestarem contra a criação de uma taxa sobre as emissões de gases com efeito de estufa dos animais de criação. A medida faz parte de um plano de combate às alterações climáticas do governo de Jacinda Ardern, que afirma pretender reduzir a emissão de metano de vacas e ovelhas em 47% até 2050.

Com a justificação de combate às alterações climáticas, a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, apresentou a proposta para tornar os agricultores neozelandeses “não só os melhores do mundo mas como o melhor para o mundo”.

A taxa incide sobre as emissões de metano e óxido nitroso de ovelhas e de vacas. Existem apenas cinco milhões de pessoas na Nova Zelândia, enquanto o gado para carne e leite são 10 milhões e as ovelhas 26 milhões.

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