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Davos e a necessidade de “restaurar a confiança” em 2024

Reconhecendo que a confiança dos povos se perdeu nos últimos anos, o Fórum Económico Mundial (FEM) reúne na cidade de Davos, entre 15 e 19 de janeiro, e tem como objetivos máximos restaurar o elo entre governantes e governados e revitalizar o futuro “moldado” pelo FEM e pelas grandes corporações e governos nele representados. Essas são as prioridades porque as vozes críticas estão a aumentar, nomeadamente denunciando à sua sobreposição aos Estados soberanos, mas também a hipocrisia da sua agenda.

“Reconstruindo a confiança” é a bandeira do FEM, reunido mais uma vez nos alpes suíços e com o propósito de, não só restabelecer a confiança global no futuro, mas também reconstrui-la entre os Estados e os seus cidadãos. Segundo a organização, o restabelecimento da confiança resulta da fragmentação crescente que caracteriza o mundo atual, dominado por policrises, desde o problema sanitário de 2020, aos conflitos recentes entre Ucrânia e Rússia e Israel e Hamas, e agora no Mar Vermelho.

Ao longo desta semana, entre 15 e 19 de janeiro, a cidade suíça de Davos acolhe esta organização e recebe mais de 2.500 chefes de estado e de governo, líderes de empresas, representantes da sociedade civil, líderes juvenis e representantes dos meis de comunicação, oriundos de todos os continentes.

A agenda do Fórum – policrises, carbono zero e liberdade de expressão

Ao eleger a proliferação de crises globais e simultâneas (policrises) como tema preferencial desde há já vários anos, esta organização inscreveu na agenda de 2024 aspetos críticos para debate como a liberdade de imprensa, o trabalho numa nova era, a Inteligência Artificial e a economia, a segurança e a cooperação, e o impacto da vida humana no clima e na natureza.

Uma particular atenção é dada ao consumo do carbono, já que a meta identificada até 2050 é alcançar o seu consumo neutro. E para atingir esta finalidade, são definidas estratégias relativas a áreas como a alimentação, a água e a energia.

A liberdade de expressão constitui outro dos temas mais valorizados esta semana, uma preocupação partilhada pela Organização das Nações Unidas (ONU) que se faz representar pelo seu Secretário Geral. Este tema é particularmente sensível a todos os presentes, que alertam para a tendência crescente de desinformação, e má informação, e para a necessidade de ser mais controlada.

Restaurar a confiança ou impôr agendas aos governos

Mas os críticos desta organização, em número crescente, apontam o dedo ao excessivo intervencionismo do FEM na gestão política interna dos Estados, sob a capa aparente de colaboração. Pelo que o FEM tem sido por vezes apontado como uma espécie de “cavalo de tróia” dentro dos Estados, na medida em que procura condicionar as políticas dos governos com as suas agendas, não sufragadas pelos cidadãos. E esta crítica tem emergido em vários países e continentes, com posições públicas de políticos, jornalistas, professores universitários, agricultores, entre outros. Na Austrália, o Senador Alex Antic é conhecido pelas suas posições públicas denunciando a extensão do movimento de Davos.

Também o jornalista Avi Yemini, que tem acompanhado as reuniões em Davos nos últimos anos, coloca hoje em questão a verdadeira motivação do FEM. Considerando que as deslocações de muitos dos participantes na reunião é feita de avião privado, Avni pergunta se a pegada de carbono correspondente a essas viagens não revela mais hipocrisia do que um compromisso sério da organização.

Uma rede de influências, reconhecida pelo seu fundador

A capaciadade desta organização para influenciar agendas nacionais foi reconhecida publicamente pelo fundador do FEM. Schwab afirmou mesmo publicamente que conseguiu influenciar os maiores líderes mundiais atrabés do seu programa de jovens líderes – como Merkel, Putin ou Macron. Mas congratulou-se também confessou de que conseguiu ir mais longe ao “penetrar nos cabinetes em todo o mundo”, concluindo que hoje são já vários os membros dos governos que frequentaram a escola de jovens líderes do Forum Económico Mundial.

Este reconhecimento públicou levou muitos a perguntar qual o papel dos atos legislativos nacionais, quem governa quem, e quem governa verdadeiramente os Estados.

Outros críticos ainda têm procurado analisar a filosofia e a escatologia subjacente a Davos. Nas palavras de Victor Davis Hansen, o humanismo secular do FEM pode ser o fator que condiciona a sua visão do mundo e no seio da qual não existe uma compreensão do homem na sua dupla dimensão corpo e alma.

Referências:

O que é Davos e porque é que é importante? Guia para a reunião anual do Fórum Económico Mundial | Euronews

WEF_The_Global_Risks_Report_2024.pdf (weforum.org)

(9) WATCH: Australian senator voices concern over WEF agenda – YouTube

(9) Part 1 | The TRUTH About Mass Migration – THIS is What the WEF Really Wants – YouTube

Climate commitment or just plane hypocrisy? WEF Contributor confronted by Avi Yemini (youtube.com)

WEF – Klaus Schwab (founder of The World Economic Forum): “We penetrate the cabinets” (youtube.com)

(9) Victor Davis Hanson on the secular humanism behind Davos and the WEF – YouTube

Ver também:

O Fórum Económico Mundial: oportunidade ou controlo? – The Blind Spot

Cooperação Público-Privada Transnacional: a mesa à moda de Davos – The Blind Spot

Clube de Roma (I) – Os precursores dos “riscos existenciais” e das respostas de emergência – The Blind Spot

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