Colégio de Psicólogos do Ontário exige a reeducação de Peterson

O Tribunal de Ontário rejeitou o apelo de Jordan Peterson e confirmou a decisão do Colégio de Psicólogos de Ontário, que obrigava o autor canadiano a frequentar um curso sobre comunicação pública nas redes sociais, sob pena de perda da licença profissional. O processo iniciou-se quando o psicólogo teve as suas publicações e afirmações públicas “investigadas” após a acusação de ser pouco inclusivo e de constituir um “risco público”.

O Tribunal de Ontário acaba de confirmar a determinação do Colegio de Psicologos de Ontário, relativamente à frequência de um programa sobre comunicação pública por Jordan Peterson, e para poder continuar a exercer a sua profissão.

Numa entrevista concedida à CBC News, Peterson disse que cumprirá o veredicto do Tribunal e, nas suas palavras, “Vou cumprir os regulamentos, mas não o vou fazer em segredo… E a razão pela qual não o farei em segredo é porque não acredito que tenha feito nada de errado.”.

O Colégio de Psicólogos de Ontário, no passado mês de novembro, tinha determinado que Jordan deveria frequentar um programa de coaching sobre informação pública de modo a evitar perder a licença profissional. Esta deliberação surgia depois de aquele organismo ter recebido várias queixas sobres as opiniões públicas manifestadas pelo psicólogo canadiano, e depois de ter concluído que tinha havido uma quebra na conduta profissional do psicólogo.

A liberdade para pensar ou pensamento vigiado?

Desde 2018 que o psicólogo canadiano tinha vindo a exprimir a sua opinião crítica quanto à denominada cultura liberal nas redes sociais, em temas tão diversificados como a mudança climática ou a transição de género. Contudo, desde o início, tinham surgido queixas dirigidas ao Colégio dos Piscólogos de Ontario, acusando Jordan de falta de profissionalismo, do uso de linguagem pouco inclusiva, podendo isso constituir um “risco público moderado”.

“A guerra ainda mal começou”

Num episódio recente no programa “Fox & Friends”, Jordan Peterson avisou que não concorda com a condenação e vai cumpri-la. Contudo, vai continuar a luta porque, como afirmou, “tenho tempo e recursos para travar esta batalha e não estou dependente da minha licença para a minha estabilidade financeira e o sustento da minha família.”.

Liberdade de Pensamento não é o que o Jordan Peterson pensa

A condenação de Peterson suscitou um debate nacional relativamente à liberdade de expressão. Max Fawcet, num artigo publicado no Canada’s National Oberver chama a atenção para o seguinte, ao afirmar que “(…) Peterson tem razão numa coisa: isto não tem nada a ver com ele. O que está em causa é o nosso entendimento coletivo dos direitos de liberdade de expressão e a forma como funcionam no Canadá, um entendimento que os conservadores parecem determinados a misturar e confundir com a abordagem americana”. E acrescenta ainda que “Não existe, por exemplo, qualquer garantia de liberdade de expressão na Constituição do Canadá. O Canadá salvaguarda a “liberdade de expressão”, mas pondera-a em relação aos direitos dos outros canadianos. No Canadá, não existem direitos absolutos ou inatacáveis, como o esclarece a Secção 1 da nossa Carta. Em vez disso, esses direitos estão “sujeitos apenas a limites razoáveis prescritos por lei que possam ser comprovadamente justificados numa sociedade livre e democrática.”.

Origem do processo

Em 2022, foram apresentadas um conjunto de queixas em relação a Peterson, nomeadamente, devido à sua posição sobre as medidas restritivas anti covid e à sua participação no podcast do Joe Rogan.

Foi feita uma ampla análise dos seus tweets e anotadas preocupações, como por exemplo:

– Referir-se a Catherine McKenney (conselheira municipal de Otava), como uma “terrível moralizadora hipócrita”;

– Referir-se ao antigo secretário principal do primeiro-ministro Justin Trudeau, como desprezível (prik);

– Responder a uma capa da Sports Illustrated de uma modelo plus size, com: “Sorry. Não é bonita. E nenhuma quantidade de tolerância autoritária vai mudar isso”.